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domingo, 13 de janeiro de 2013

Golden Globe 2013 Best Animated Film


Rumo ao Globo de Ouro 2013
Os Indicados a Melhores Animações

Estes festivais do cinema comercial americano que se acham internacionais têm, diga-se de passagem, os melhores filmes... comerciais. Como produto industrial, o cinema coroou a revolução industrial sintetizando todas as manifestações artísticas num só produto, mesclando arte, tecnologia e comunicação.

Ou seja, cinema não é só pra saber das coisas, ou ficar refletindo sobre algo... cinema também é um entretenimento por excelência. E os filmes que fazem mais sucesso comercial são os que entretêm da melhor forma possível.  

O gato do rabino não combina com o Oscar.
O mundo dos desenhos animados não foge a esta regra. Por exemplo, um desenho animado excelente tipo “O gato do rabino” (Le chat du rabin, 2011), uma produção franco-austríaca dirigida por Antoine Delesvaux e Joann Sfar, só concorreria a um Oscar ou Globo de Ouro se não houvesse outros concorrentes digamos assim, “divertidos”.
Então vou inaugurar minha postagem neste blog de gente viciada em cinema falando sobre um produto pelo qual sou um abestalhado mesmo: desenho animado. Visto que sou um cara que participa ativamente deste sistema capitalista cruel não deixo de ficar de olho nos indicados ao Globo de Ouro e ao Oscar. Fico doente se não conseguir ver, no cinema, todos os filmes dos principais prêmios, principalmente os do Oscar.

Vamos direto ao assunto: Os cinco indicados ao Globo de Ouro 2013.

Feio e sombrio como o Tim Burton gosta.
Frankenweenie, de Tim Burton. Dessa vez o diretor do excelente desenho mórbido A noiva cadáver (Corpse bride, 2005) não acertou no conteúdo do filme. O estilo mórbido ficou até mais sombrio e talvez seja por isso que o Tim tenha se amedrontado com a possibilidade de apenas góticos e emos se interessarem pela película. Então, para não dar prejuízo a um investimento de 40 milhões de dólares, o filme foi dividido em duas partes: A primeira metade é um elogio à Ciência e uma crítica pancada na cabeça dos pobres mortais que têm medo dela. Nessa primeira metade um cachorro alegre e cativante morre. A segunda metade resvala para um filminho bobo com final adocicado, onde um cachorro recauchutado horroroso só morre se faltar energia. Ganhou 88% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes, o público deu 76.

Vampirinha jovem enfrenta o Vampiro paizão protetor
Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania), de Genndy Tartakovsky. O diretor é quem dirige algumas séries de TV: As Meninas Superpoderosas, Samurai Jack, O Laboratório de Dexter, dentre outros. Esta é uma interessante animação sobre os fantasmas tradicionais da cultura ocidental que morrem de medo dos humanos, em especial o Conde Drácula, que ficou traumatizado. O filme aborda o drama do pai superprotetor e da filha adolescente rebelde que, além de querer conhecer o mundo, se apaixona instantaneamente por um amor proibido: um humano. Mas longe de ser um poço de profundidade psicológica sobre dramas familiares e conflitos de gerações, o filme é divertido e prega a tolerância. Pelo menos na tela, vampiros e humanos nem são tão diferentes assim. A crítica internacional não curtiu muito: só 43% de aprovação, mas o público deu 73.

Máscula ou mulher moderna?
Valente (Brave), dirigido por seis mãos: Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve Purcell, mas só a Brenda tem experiência em dirigir outro longa de animação: O Príncipe do Egito (The Prince of Egypt, 1998). É a estória de Merida, uma adolescente de espírito aventureiro que foi criada pra ser uma princesa bem comportada e se casar quando os pais assim decidirem. Revoltada por ser obrigada a ser perfeita só por ter nascido mulher e disposta a lutar pelo comando de seu próprio destino, a menina vai causar algumas confusões onde no final tudo vai dar certo. O tema central pode parecer clichê para os mais modernos, mas ser obrigada a ser perfeitinha, arrumadinha e boazinha ainda é considerada uma obrigação feminina pra muita gente. Línguas viperinas disseram que Merida deve ser lésbica por cultivar hábitos típicos dos homens de seu contexto social e não se interessar por nenhum rapaz. Pra mim esse tipo de comentário é resquício de uma sociedade machista e sexo-centrada, onde mulher só é alguém se tiver um macho e não existe felicidade para pessoas livres e solteiras. Críticos e público se harmonizaram: 78 e 79% de aprovação

Guardiões bem heterogêneos
A origem dos guardiões (Rise of the guardians), de Peter Ramsey, é um lindo conto de natal que junta o papai noel (em estilo roqueiro tatuado), o sonho (Sandman), o coelho da páscoa, a fada do dente e Jack Frost, este último uma lenda medieval que ninguém lembra mais. Só fiquei sabendo que isso existia por causa desse filme. Os quatro guardiões se unem para combater o Breu (na versão dublada chamam ele de Pitch mesmo), a personificação do mal-assombro. O filme é bonito, mas me pareceu com conteúdo filosófico demais para crianças. Ele propõe o tema do medo de ser esquecido e, se você não acredita ou não pensa a respeito de algo ou alguém, então não existe mais. Ao mesmo tempo é proposto que as crendices medievais continuem vivas porque, segundo o filme, é uma questão de se manter viva a esperança de algo melhor para nossas vidas. Esta é uma excelente verdade pra ser discutida em mesas de botequim. Os críticos gostaram menos que o público: 74 e 83%.
O melhor do ano!

Agora o meu filminho mais querido: Detona Ralph (Wreck-it Ralph), de Rich Moore (dirige a série de TV Os Simpsons). Aclamado pelos críticos e pelo público (86 e 90%), este é um raro filme da Walt Disney que não tem aqueles momentos musicais que muita gente acha um porre. Mas, além disso, é um filme sobre autoaceitação e sobre as consequências não se sentir bem consigo mesmo, em diversos níveis. Fala de amizade e sabedoria pra aceitar a vida como ela é. Só achei estranha a mensagem republicana que parecia catecismo mórmon perto do final, quando a princesinha Vanellope diz que prefere ser presidente! Não tenho dúvidas que vencerá o Oscar e o Globo de Ouro em 2013.

2 comentários:

  1. Adorei o filme Detona Ralph (Wreck-it Ralph) e concordo plenamente com o comentário do Nivaldo. Melhor animação do ano.

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    1. Pois é, Tércio, mas ele perdeu o Globo de Ouro para Valente... e não consigo ver nada de muito especial na produção vencedora! =/

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