.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Oscar 2013: Django Livre


Em 1964, um desconhecido Sergio Leone dirigia o seu primeiro filme nos EUA, o western “Por um punhado de dólares” com Clint Estwood no papel de um pistoleiro sem nome. O filme, baseado em “Yojimbo” de Akira Kurosawa, seria o grande marco para a criação de um gênero cinematográfico o western spaghetti, do qual Tarantino é fã declarado.

Esse é o ponto determinante de “Django Livre”, pois se o filme não se encaixa na evolução da carreira de Tarantino sob uma ótica linear, sua realização remonta a uma homenagem de um grande fã a seu mestre.


  
Se Sergio Leone dirigiria em 1984 um grande épico como “Era uma vez na América”, e Kurosawa dirigiria também na década de 80 outros dois clássicos “Ran” e “Sonhos”, demonstrando a importância da maturidade criativa na genialidade visionária do criador, a realização de Django soa um tanto quanto descontextualizada, se considerada a beleza plástica da busca pela vingança presente em Kill Bill, ou a feição épica de Bastardos Inglórios, que conta com uma das melhores cenas de abertura da história do cinema.

Olhar para a cena de abertura de “Django Livre” retira um pouco da imagem de gênio ou ícone pop do cinema que aqueles filmes ajudaram a criar, principalmente se analisada sob o prisma das suas últimas entrevistas que evidenciam sua megalomania ou sua suposta falta de limites à liberdade de criar e realizar grandes filmes.


Destaque para as atuações de Christoph Waltz (responsável pelas situações mais inusitadas) e Samuel L. Jackson (quase irreconhecível), e para a trilha sonora, o filme mantém o apego de Tarantino por diálogos inusitados e sangue, mas acho pouco se comparado ao que poderia surgir após um filme como Bastardos Inglórios.

Na briga pelo Oscar não deve ameaçar os favoritos a melhor filme, mas pode emplacar uma estatueta com Waltz, ainda que sua atuação não distoe tanto da dos concorrentes. Fica a espera pelo “Era uma vez na América” de Tarantino.

Texto de Frederico Borgonovi.


Um comentário: